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Resenha | Tem idade certa para sonhar? “Dra. Cha” diz que não

Autora: Alanessa Nikole Carvalho da Silva

 Imagem: https://abrir.link/jnirK

K-drama “Dra. Cha” é uma produção de 2023 que conta com o roteiro de Jung Yeo Rang e direção de Kim Dae Jin e Kim Jung Wook. A história foi transmitida na Coreia do Sul pelo canal JTBC e tem 16 episódios, que estão disponíveis com legenda e dublagem em português na Netflix.

A trama alcançou altos índices de audiência no seu país de origem ao mostrar a vida de Cha Jeong Suk (Hum Jung Hwa), uma dona de casa que se esforça ao máximo para cuidar do marido Seo Em Ho (Kim Byung Chul), um famoso cirurgião de um hospital universitário, e dos seus dois filhos. Apesar de tanto trabalho, Cha Jeong Suk é constantemente maltratada pelo marido e por sua sogra, que nunca estão satisfeitos com tudo o que ela faz.

Certo dia, Jeong Suk descobre que está doente e vê que aquelas pessoas de quem tanto cuidava estão preparadas para virar-lhe as costas. Uma das poucas pessoas que lhe estendem a mão é Roy Kim (Min Woo Hyuk), um médico que a ajuda em seu tratamento e que logo se interessa por ela apesar das dificuldades.

Após quase morrer, Cha decide tomar as rédeas da própria vida e fazer tudo aquilo que sempre quis, independentemente do que sua família pense ou fale. Assim, começa a estudar para ser residente no mesmo hospital onde trabalham o marido e o filho mais velho, para que possa realizar o sonho que precisou abandonar quando casou.

A partir de então, conhecemos a Dra. Cha que sofre desde o início, porque as pessoas não aceitam que uma mulher mais velha esteja no meio de tantos jovens e que ela tenha capacidade de conseguir finalizar a residência. O que ninguém esperava é que o fato dela ser a pessoa mais madura ajudaria no contato com os pacientes que desejavam ser vistos de maneira mais humanizada no hospital.

Por causa disto, ela passa a ser vista de outra forma pelos filhos, que acreditavam que a mãe deveria viver somente em função deles, pela sogra, que se viu dependente da nora, e pelo próprio marido, que estava em um caso extraconjugal com outra médica.

Apesar de termos possíveis interesses românticos na história, o foco do drama não é este. O ponto principal é acompanhar a protagonista enquanto consegue superar suas lutas cotidianas e o preconceito dentro do ambiente de trabalho, para assim enxergar a sua própria capacidade de superar qualquer barreira imposta tanto na sua vida pessoal quanto profissional.

A produção consegue equilibrar muito bem a comédia por meio da qual a médica tenta manter sempre presente na sua vida, mas tem uma boa carga dramática que nos faz ter empatia por ela como mulher, mãe e profissional que dá o seu melhor por aqueles que estão ao seu redor, por isso algumas lágrimas podem rolar durante os episódios.

Muita gente tem um certo problema com histórias que se passam em hospitais pela carga emocional mais pesada que elas podem ter, contudo, “Dra. Cha” não é voltado exclusivamente para as vivências dos pacientes, apesar de conhecermos histórias interessantes sobre alguns deles.

O drama, que é a primeira produção de Jung Yeo Rang, mostra-se como uma indicação bem interessante para quem quer acompanhar um enredo que fala sobre libertação das amarras sociais que prendem tanto as pessoas e não as permitem fazer o básico: sonhar e viver.  

   

Sobre a autora

Mestranda em Teoria Literária pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e graduada em Letras/Literatura de Língua Portuguesa pela UEMA. E-mail: alanessanc@gmail.com

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