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NOTÍCIA| Presidente Yoon Suk Yeol afirma que a baixa taxa de natalidade do país é uma “emergência nacional”

Tradutora: Beatriz S. Simões 

Notícia: Yonhap News Agency 

Imagem: Yonhap News Agency.

Link: https://en.yna.co.kr/view/AEN20240522005200315 

O atual presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol (Partido do Poder Popular), afirmou na recente Conferência de Liderança Asiática (Seoul), ocorrida em 22 de maio de 2024, que a baixa taxa de natalidade do país é uma “emergência nacional” (Yonhap News Agency, 2024). Yoon também anunciou que pretende criar um ministério para que sejam elaboradas propostas nos setores da educação, trabalho e bem-estar social para lidar com a questão (Yonhap News Agency, 2024). Yoon Suk Yeol disse que: 

A baixa taxa de natalidade é um problema interligado a vários fatores sociais e culturais, e soluções fundamentais requerem um esforço em âmbito nacional para inovar em toda a sociedade. (Yonhap News Agency, 2014a) 

Nesse sentido, o presidente afirmou que o ministro do novo ministério deve atuar como vice-ministro de assuntos sociais e elaborar políticas que perpassem os setores de ação do ministério. Porém, em sua notícia, Kim (Yonhap News Agency, 2024a) frisa que o estabelecimento de um novo ministério depende da aprovação da Assembleia Nacional, atualmente ocupada em sua maioria por partidos de oposição. 

A República da Coreia é o único país dentre os membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (ODCE) que possui uma taxa de fertilidade1 abaixo de 1, consistindo em 0.81 no ano de 2022 (OECD Data). Kim (Yonhap News Agency, 2024a) aponta que em 2023 a taxa chegou ao seu nível mais baixo: 0.72. Para a OCDE, é necessário que um país mantenha uma taxa de fertilidade mínima de 2.1, considerando a taxa de mortalidade e número líquido de migração sem grandes alterações, para que a taxa populacional seja estável (OECD Data, 2024). Dessa forma, o país se encontra em uma situação delicada, com a população envelhecendo na medida em que se estende a expectativa de vida, mas que não se renova com números suficientes de novos nascimentos.  

A baixa histórica da taxa de fertilidade e do número de nascimentos em território coreano impeliu o governo do antigo presidente Roh Moo Hyun a adotar o Plano Básico sobre Baixa Fertilidade e Envelhecimento da Sociedade em 2006. Desde então, a questão continuou a preocupar as autoridades, pois o número não cresceu significantemente e consequências, como o fechamento de escolas do ensino fundamental e necessidade de mão de obra em alguns setores, são comumente noticiadas nas mídias.  

Hojeestá em vigor o quarto Plano Básico sobre Baixa Fertilidade e Envelhecimento da Sociedade, iniciado no governo Yoon e com previsão de duração até 2025. Dentre as propostas, constata-se pontos como “melhorar a qualidade de vida individual” e “estabelecer uma sociedade igualitária em termos de gênero e justa” (KICCE, 2022). De acordo com Cho (2021, p. 08), esse plano representa uma “mudança no paradigma” em relação às demais políticas relacionadas a questão ao apresentar a proposta de “criar uma sociedade sustentável na qual todas as gerações sejam felizes juntas”. 

Contudo, Cho (2021, p. 08) também afirma que “esforços suficientes não foram realizados para melhorar a igualdade de gênero, entendendo a natalidade como direito individual da mulher e prover apoio à saúde e bem-estar”, um ponto fundamental, considerando que o atual presidente afirmou em campanha eleitoral não acreditar que a desigualdade de gênero seja um problema social ou sistemático. Não apenas isso, mas Yoon, durante campanha eleitoral em 2020, prometeu acabar com o Ministério de Igualdade de Gênero – o que se tornou difícil cumprir frente à necessidade de aprovação da Assembleia Nacional, que está ocupada majoritariamente por partidos de oposição. Em fevereiro de 2024 (Yonhap News Agency, 2024b), o presidente deixou o cargo de ministro da pasta vago, abrindo espaço para uma discrepância na proposta do quarto Plano de promover uma sociedade mais igualitária e justa. 

Notas de rodapé 

 

1 De maneira simplificada, a taxa de fertilidade é o número médio de filhos que uma mulher teria durante a sua idade fértil (OECD Data, 2024). Disponível em: https://data.oecd.org/pop/fertility-rates.htm  

Referências 

CHO, Kyung Ae. Korea’s low birth rate issue and policy directionsKorean J Women Health Nurs, v. 27, n. 1, p. 6-9. 2021. Disponível emhttps://doi.org/10.4069/kjwhn.2021.02.16Acesso em: 27 maio. 2024. 

KICCE. KICCE Policy Brief, v. 23out. 2022. 

KIM, Eun Jung. Yoon calls low birth rate a ‘national emergency’. Yonhap News Agency, 22 maio 2024a. Disponível em: https://en.yna.co.kr/view/AEN20240522005200315. Acesso em26 maio. 2024. 

LEE, Haye Ah. Yoon leaves gender minister position unfilled in step to abolish ministry: oficialYonhap News Agency, 22 fev. 2024b. Disponível em: https://en.yna.co.kr/view/AEN20240222003200315. Acesso em: 14 jun. 2024. 

OECD DATA. Fertility rates. [2024] Disponível em: https://data.oecd.org/pop/fertility-rates.htm. Acesso em: 26 maio. 2024. 

 

SOBRE A AUTORA 

Beatriz Santos Simões 

Graduanda em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Sergipe. Integrante do Grupo de Estudo Leste-Asiático (GELA/UFS). Integrante da Curadoria de Estudos Coreanos (CEÁSIA/CEA/UFPE). 

E-mail: biassimoes12@gmail.com 

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