Curadoria Matrizes Energéticas
Nos últimos dias, vimos muitas notícias sobre a COP 26, a 26ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC), esta edição foi realizada na cidade escocesa de Glasgow, do dia 31 de Outubro ao dia 12 de Novembro deste ano, e teve como objetivo eliminar os subsídios para todos os combustíveis fósseis¹, fixar um preço para o carbono e alcançar um financiamento de US$100 bilhões para ações de adaptação e mitigação das mudanças climáticas.
A convenção trouxe várias conquistas como o compromisso de contenção e reversão do desmatamento de 120 países que juntos possuem cerca de 90% das florestas do mundo; redução das emissões do gás metano, um dos gases de efeito estufa, por parte de 100 países; ambas metas datadas até 2030.
Entretanto, o acordo final da COP26 freiou em trazer mais conquistas significativas como as anteriormente mencionadas, isto porque, no documento final da conferência, previa-se a utilização do termo “eliminação” do uso do carvão, mas China e Índia pediram para que o termo fosse substituído por “redução gradual”, o que por um lado nos mostra pela primeira vez o foco na redução do uso deste combustível fóssil, mantendo assim o objetivo de 1.5 grau Celsius ao alcance, mas, por outro lado, nos mostra que os países ali presentes poderiam já estabelecer a eliminação do uso do carvão.
Os países estavam muito perto de um acordo suficiente, um acordo que fosse de encontro com os objetivos da COP 26, segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres “Não atingimos esses objetivos nesta conferência. Mas temos alguns alicerces para o progresso”. O documento final também enfatiza a necessidade de levantar valores para o financiamento já mencionado, para além dos US$100 bilhões por ano; pede para os países anteciparem a entrega de seus planos de redução de emissões e pede para que os países participantes reportem suas ações climáticas na COP do ano que vem, que será realizada no Egito.
Com esta notícia, podemos concluir que a transição energética² que já ocorre gradualmente na China e Índia, ainda tem um longo caminho a percorrer, pois na mesa da COP 26, espaço que estes países poderiam dar grandes passos no sentido de tornar suas matrizes energéticas mais limpas, ainda estão seguindo com o “business as usual”, ou seja, seguindo com o incentivo e uso dos combustíveis fósseis como o habitual, pelo menos, minimamente, o que pode ser observado na troca do termo “eliminação” por “redução”. Entretanto, agora já existe alicerce sobre o carvão, então vamos aguardar pela próxima COP e descobrir o que será construído.
¹Combustíveis fósseis: São recursos naturais não renováveis utilizados para produzir energia, os mais usados são o petróleo, o carvão mineral e o gás natural, estes combustíveis, quando utilizados, possuem alta quantidade de carbono.
²Transição energética: Processo de mudança na composição das fontes energéticas que compõem a matriz de um país, atualmente, de uma fonte não renovável para uma fonte renovável, como do carvão, um combustível fóssil, para a energia solar e eólica.
UNFCCC_COP26_13Nov21_UNFCCC by UN Climate Change sob licença CC BY-NC-SA 2.0
Notícia do dia 13/11/2021. Fonte: https://news.un.org/en/story/2021/11/1105792
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