Curadoria de Matrizes Energéticas e Meio Ambiente
Emily Teodoro
No dia 16 de julho deram início às negociações no mercado nacional de comércio de carbono da China. Planejada a mais de dez anos, a iniciativa compõe a estratégia do país de zerar as emissões de carbono até 2060. Atualmente o mercado abrange 2162 empresas de energia em todo o país, responsáveis por um total de mais de 4 bilhões de toneladas de emissões de CO2 anualmente.
Embora o lançamento do comércio seja um grande passo em direção ao objetivo de reduzir as emissões da China, a implantação será um processo de aprendizado na prática. Alguns dos desafios potenciais que o sistema enfrentará, agora que a negociação foi iniciada, incluem: aumentar a credibilidade dos dados de emissões; a criação de um limite absoluto que incorpore setores além do elétrico; facilitar a liquidez explorando novos ativos; coordenação com outras políticas relevantes, como reforma do mercado de energia; e, fazer um processo de transição concreto dos planos regionais para o nacional.
Do ponto de vista da redução de emissões, a principal limitação é o incentivo à mudança de operadores menos eficientes para operadores mais eficientes. Foi apontado que essa medida perde a oportunidade de incentivar a mudança da energia a carvão para as energias renováveis. Apesar disso, a mudança de operadores de carvão menos eficientes para mais eficientes oferece o potencial para algumas reduções de emissões significativas no curto prazo. Se toda a eletricidade atualmente produzida por unidades de geração de energia com capacidade inferior a 300 MW fosse, em vez disso fosse gerada por unidades de 600 MW, causaria, em média, cerca de 19% menos emissões de CO2. No entanto, embora essas reduções sejam possíveis no papel, existem obstáculos reais para alcançá-las, incluindo limites para a interconectividade dentro da rede elétrica e horas de operação garantidas por unidades menores.
Um obstáculo adicional para a plena realização do potencial de redução de emissões do mercado nacional de carbono é que a alocação de licenças gratuitas se aplicará de maneira diferente a pequenas e grandes unidades de geração de energia. As unidades menores não estão distribuídas uniformemente pela China, mas estão concentradas em certas partes do país. Províncias como Heilongjiang (no nordeste) e Yunnan (no sudoeste) veem metade de sua capacidade de geração concentrada em unidades pequenas, o que significa que quando elas forem desligadas terá um impacto maior no fornecimento de energia dessas províncias, bem como nas economias locais. É necessário um maior apoio para cidades com energia a carvão para mitigar o risco de o comércio de carbono trazer choques para as economias locais.
A boa notícia é que o mercado de carbono está enfrentando uma onda de entusiasmo e impulso político este ano, o que pode levar a algumas reformas ambiciosas para aumentar sua eficácia no período do 14º Plano Quinquenal (2021–2025). Os especialistas que trabalham no mercado têm explorado ativamente mudanças no projeto. Se essas oportunidades puderem ser concretizadas nos próximos anos, pode-se esperar que a precificação do carbono comece a desempenhar um papel decisivo na redução das emissões que se pretende alcançar.
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