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NOTÍCIA | Mudanças climáticas podem permitir que a China volte a apostar no Ártico, bloqueio de Suez pode dobrar essa aposta.

Curadoria Matrizes Energéticas e Meio Ambiente

Fernanda Ferreira Chan

No dia 23 de março deste ano, vimos na mídia o navio de contêineres Ever given encalhar no canal de Suez (Egito) e há três semanas, vimos o desencalhar do mesmo navio, desbloqueando o canal. No desenrolar desta história ficamos informados de que o Ever given encalhou ao ser atingido por ventos fortes, e tal ocorrido, causou uma significativa perda financeira para diversos países.

Em janeiro de 2018, a China introduziu sua Arctic Policy, onde declarou que o país é um Estado “Próximo ao Ártico”, no intuito de aproximar-se da exploração dos recursos naturais da região, que segundo vários estudos, reserva 22% dos recursos energéticos não descobertos do mundo, com talvez 90 bilhões de barris de petróleo e 1.670 trilhões de pés cúbicos de gás natural (47.3m³), além de minerais, como REEs¹; como no intuito de utilizar a região, como estratégia para projeção de poder.

A China pode voltar a apostar no Ártico por causa das mudanças climáticas, isto pois, como se sabe, tais mudanças aumentam a intensidade de precipitações e ventos fortes, bem como aumentam o derretimento das geleiras, entre outras consequências; e esta última consequência, o degelo, pode permitir que a Rota Transpolar, rota que vai do Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, cruzando o centro do Oceano Ártico, se torne transitável por navios comerciais e não apenas quebra-gelos.

O funcionamento comercial da Rota Transpolar pode permitir que a China se antecipe de novos bloqueios em canais e outras passagens marítimas ao redor do mundo, utilizadas pelo país, sejam estes bloqueios causados por conflitos geopolíticos e econômicos, sejam causados por mudanças climáticas, como o ocorrido em Suez.

O degelo que vem ocorrendo têm mostrado a China que vale a pena apostar no Ártico, mas o recente bloqueio no canal de Suez, reforçou que a aposta no Ártico se dobrada, pode oferecer não só uma região para exploração de recursos naturais e uma posição estratégica, mas uma rota marítima menos vulnerável e mais rápida que a de Suez, e consequentemente, mais vantajosa economicamente.

¹REEs (Rare Earth Elements) são os “elementos de terras raras”, mais conhecidos como “metais de terras raras”, “de terras” pois desta maneira nomeavam os óxidos, e “raras” pois a maioria destes elementos são difíceis de encontrar em sua forma pura.

Leia a notícia na íntegra: https://nationalinterest.org/feature/china-looks-arctic-avoid-another-suez-slowdown-181715

Quer saber mais sobre os interesses estratégicos chineses que justificam a grande atenção dada pelo país ao Ártico? Leia aqui o artigo do professor Alexandre Pereira da Silva, membro do conselho científico do IEASIA e professor e pesquisador associado no China Institute of Boundary and Ocean Studies (CIBOS), Wuhan University (武汉大学中国边界与海洋研究院), Wuhan, China.

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