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NOTÍCIA | Reunião – Relações Internacionais da China

O IEASIA tem o prazer de convidar a todos para mais um encontro. Desta vez teremos duas apresentações, João Cumarú, apresentando sua pesquisa de mestrado “Novas configurações das relações sino-africanas: o setor energético” e o Professor Renam Montenegro apresentando “Participações da China em Operações de Paz”. As apresentações ocorrerão no dia 25.05.18, às 14h no Auditório 3 da Biblioteca Central.

 

OS DETERMINANTES MATERIAIS DA PARTICIPAÇÃO DA CHINA EM OPERAÇÕES DE PAZ: O CASO DO SUDÃO DO SUL

Não é simples generalizar os determinantes da contribuição chinesa para missões de paz. Desde que enviou o primeiro contingente de observadores, já no final do século passado, a China têm participado de operações das mais diversas, incluindo em países cujas relações diplomáticas não são das melhores (Haiti e Libéria), passando por repúblicas separatistas (Kosovo) e missões intervencionistas (Darfur). Apesar de a literatura levantar algumas categorias explicativas – proteção de interesses no exterior; exposição operacional para as forças armadas; benefícios em termos de reputação e construção de identidade –, o fato é que flexibilidade dá a tônica dessa faceta da inserção internacional chinesa. Assim, parece cada vez mais claro que a decisão de enviar tropas para operações de paz não segue uma grande estratégia, mas é avaliada caso a caso.

A bibliografia sobre o tema ainda carece de maior rigor metodológico, que se dá em parte pela ausência de dados estatísticos longitudinais sobre a China. Entretanto, ferramentas metodológicas apropriadas podem vencer esta barreira, como as análises de small-n e medium-n. Desta forma, trabalhos que busquem suprir tal lacuna, bem como aqueles que consigam integrar a maior quantidade possível de fatores explicativos, são extremamente bem-vindos. Pelo menos outros três desafios emergem para uma futura agenda de pesquisa: 1) a necessidade de utilizar narrativas históricas como ferramenta auxiliar (meio), e não como um fim em si; 2) a busca por inferências causais que tentem descortinar os mecanismos presentes entre as causas levantadas e o resultado ocorrido; 3) a identificação dos múltiplos atores envolvidos no processo decisório sobre o envio de contribuições para as operações de paz. A presente pesquisa constitui um empreendimento com vistas a preencher esses espaços.

 

NOVAS CONFIGURAÇÕES DAS RELAÇÕES SINO-AFRICANAS: O SETOR ENERGÉTICO EM PERSPECTIVA COMPARADA

O comércio China-África cresceu exponencialmente desde o início dos anos 2000, se expandindo para outras dimensões de desenvolvimento, política e cultura ao longo dos anos. Em 2013, o volume total do comércio sino-africano ultrapassou os US$ 210 bilhões. Todavia, entre 2014 e 2015, as importações chinesas de bens africanos caíram 42%, devido, principalmente, à queda no preço das commodities, entre elas o petróleo, principal produto de exportação dos países africanos para a China.

Na busca pelo aumento de sua influência política e econômica na África, os chineses passaram a financiar grandes obras de infraestrutura, restaurar serviços básicos em países que fecham acordos com empresas chinesas ou tornam-se fornecedores de recursos naturais, principalmente petróleo. Esta forma de atuação passou a ser chamada genericamente de diplomacia do petróleo. Atualmente, em torno de 43% da pauta exportadora da África para a China é dominada pelo petróleo e derivados, além de produtos minerais e metais de base, o que evidencia o foco na busca da China pelo fornecimento de recursos energéticos.

É amplamente compartilhado na literatura a ideia de que a diplomacia do petróleo é uma troca entre investimentos em infraestrutura por recursos naturais. Uma outra corrente da literatura ainda aponta que, em alguns casos, a atuação da China por recursos ocorre através de repasses de ajuda externa. Através da pesquisa empírica, tenta-se desenvolver uma análise do tema a partir de um desenho de pesquisa que considere as fontes de explicação do fenômeno da diplomacia do petróleo, no intuito de identificar os mecanismos causais e processos históricos que estão articulados nessa explicação. Nessa perspectiva, este trabalho busca entender e identificar os principais determinantes da diplomacia do petróleo, a partir de um estudo comparado entre os maiores exportadores de petróleo inseridos na estratégia energética chinesa (Angola, Sudão do Sul, Congo, Guiné Equatorial), que juntos concentram 93% das importações chinesas de petróleo no continente. Para isso são explorados conceitos e ferramentas da Análise de Política Externa Chinesa.

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